Em 2021, o Hospital de Braga registou uma taxa de absentismo de 10%, o que representa mais de 580 mil horas de ausência, num universo de mais 3.330 colaboradores. Para se perceber melhor a dimensão do impacto deste nível de absentismo, é como se 300 profissionais estivessem ausentes durante um ano inteiro.

Estes dados refletem a urgência da resolução deste problema, que origina constrangimentos na gestão e organização da prestação de cuidados de saúde por parte dos Serviços do Hospital.

Cientes da dificuldade do processo de mudança, a equipa responsável pelo projeto submeteu a iniciativa “HB presente!” à Bolsa “Capital Humano em Saúde”, tendo o Hospital de Braga sido uma das doze entidades selecionadas para o 1o Bootcamp.

Este evento representou uma fase de consciencialização do problema, onde a resignação e a acomodação surgiram como maiores entraves à mudança.

Durante o bootcamp, a equipa encontrou essa mesma resistência por parte das outras entidades presentes, reforçando a consciência não só da dimensão do projeto, mas também que teria de ser implementada uma abordagem diferente. Segundo a equipa, este foi o principal ponto de viragem, em que com a ajuda da nobox foi possível colocar questões que até então nunca se tinham debruçado antes.

Foram sem dúvida dias intensos que fizeram a diferença, nos quais se tentaram responder a questões como:

• “Porque é que um colaborador falta ao trabalho e não avisa a chefia?”;
• “Porque é que alguns colaboradores faltam consecutivamente?”;
• “Porque é que temos tantas baixas de gravidez de risco prematuras?”.

O absentismo no ambiente de trabalho é um problema que afeta negativamente a eficiência e a produtividade das organizações. Foi por isso importante implementar estratégias compostas por metodologias que envolvessem os colaboradores. Neste sentido, uma das primeiras ações programadas foi a realização de focus groups com chefias e profissionais de serviços com maior e menor absentismo.

Como resultado destas reuniões, o projeto foi estruturado em três eixos de atuação:

• Reconhecimento dos profissionais: ações de valorização dos profissionais, de forma a incentivá-los a continuarem a exercer as suas funções de forma dedicada e comprometida, diminuindo a probabilidade de se ausentarem;
• Equilíbrio entre vida pessoal e profissional: diversas ações em alguns serviços-piloto (serviços com maior absentismo), entre as quais a implementação de medidas como a facilitação de horários, a flexibilidade de funções e a agilização do teletrabalho em funções compatíveis. Estas permitem que os profissionais sejam mais autónomos no controlo das suas vidas, o que, por sua vez, pode reduzir o absentismo.
• Chefias como agentes de mudança: o último eixo demarca a preponderância de se vislumbrarem e integrarem as chefias como agentes de mudança, uma vez que estas têm uma influência significativa na cultura e na dinâmica da organização. Neste sentido, foram realizadas reuniões com as chefias dos serviços-piloto, partilhadas boas práticas e várias ferramentas e metodologias facilitadoras da gestão do absentismo.

Reconhecer e valorizar os Profissionais do Hospital de Braga foi, desde cedo, visto como a única maneira de iniciar publicamente o projeto junto dos colaboradores. Assim, foi atribuído um dia de descanso adicional a todos os profissionais que não tiveram nenhum dia de absentismo no ano de 2021 e um dia adicional de descanso aos profissionais que em 2022, após a data de divulgação interna do projeto, também não registaram qualquer ausência.

Simultaneamente, foi enviado um agradecimento via e-mail para os colaboradores reconhecidos, enaltecendo o seu empenho e dedicação, visto ser fundamental incentivá-los a continuarem a trabalhar de forma dedicada e motivada.

Em apenas dois meses, com todas as ações referidas anteriormente, foi possível reduzir 800 horas de ausência num dos Serviço-Piloto, o que demonstra o impacto positivo e recetividade dos Profissionais.

Com a implementação bem-sucedida deste projeto, espera-se uma melhoria ainda mais significativa na eficiência e produtividade do Hospital, bem como uma cultura organizacional mais positiva. É caso para dizer que estamos num bom caminho!