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Novo ano, nova equipa?

Será que a equipa precisa de um check-up?

A equipa nobox

As equipas de saúde estão em constante (mas normalmente lenta) mudança. Sai um interno, entra um especialista. Entra um enfermeiro, saem dois. Muda o diretor de serviço. Cria-se uma nova unidade dentro do serviço e entram mais cinco pessoas. Mas, na maioria das vezes, a mudança é tão progressiva que não nos apercebemos da sua magnitude, mesmo passado algum tempo. Como veremos adiante, é fundamental que as equipas se apercebam destas evoluções e analisem quando é necessário um momento para realinhar e reformar a equipa.

Contudo, a pandemia quebrou este paradigma. As equipas mudaram drasticamente durante a pandemia, e saíram diferentes dela. Agora que supostamente “regressámos ao normal” (nós sabemos que não…), as coisas não estão iguais. E não estamos a falar só do trabalho, que só continuou a aumentar.

Estamos a falar das expectativas, da motivação, do sentido de realização, da desilusão por nada ou pouco ter mudado, e da frustração por depois desta experiência, tudo ter voltado exatamente ao mesmo, mesmo depois de vermos equipas finalmente a organizarem-se para funcionar, apesar da exigência e cansaço. 

Assim, não podemos deixar que se regrida para o antigo funcionamento. Este é um momento crítico em que todas as equipas de saúde devem parar, analisar a sua situação atual e construir a equipa para o futuro, com as aprendizagens da sua experiência passada.

Assim, este novo ano pode ser uma oportunidade crítica para parar e pensar: 

  • Ainda têm a mesma missão? Ainda têm os mesmos objetivos? Se nunca foram definidos, estamos no momento certo para o fazer?
  • De que forma  caminhamos para objetivos? Devemos utilizar as mesmas estratégias, procedimentos e organização interna? O que pode mudar, em termos de organização da equipa, comunicação e competências?
  • A constituição da equipa mudou ao ponto de obrigar a uma reorganização completa?
  • A motivação das pessoas e a sua identificação com o propósito mantêm-se?
  • De que forma é que as prioridades e expectativas dos profissionais, na conjuntura atual, as comprometem mais ou menos com a equipa?
  • Como podemos incorporar medidas que promovam a sua satisfação, retenção e desenvolvimento?

Esta fase em que uma grande parte das equipas de saúde se encontra não é uma novidade da pandemia. Já está descrita nos mais variados modelos de Gestão de Equipas, como por exemplo no Team Performance Model, a Renewal Phase. A forma como devemos olhar para estes modelos não deve ser unidireccional; ou seja, o facto da equipa se encontrar nesta fase, perante estes desafios, implica que este é o momento em que a equipa deve avaliar se é a mesma e se precisa de um processo de re-alinhamento ou de começar de novo. 

Quando é que isto pode acontecer? Só depois de uma pandemia?

Estes momentos podem ocorrer sempre que a situação sofra uma alteração significativa - líder, equipa ou contexto - ou sempre que a equipa sinta que estrategicamente têm de ser definidos novos objetivos e metodologias de trabalho. Esta é uma etapa normal e positiva para a evolução das equipas na procura de novos objetivos e novas missões, ou realinhamento para adaptação a novos contextos, que deve acontecer mais vezes. 

O que observamos na saúde é que é muito frequente a alteração do líder, da equipa ou do contexto, mas os objetivos nunca são re-definidos e a metodologia de trabalho mantém-se muito cristalizada. Há que vencer esta barreira da estagnação e aproveitar as alterações e os ciclos para as equipas melhorarem.

Os fatores despoletantes destes processos podem então ser vários e de diferentes origens:

  • Mudanças do líder: um líder que traga uma nova visão e objetivos pode obrigar a uma reorganização e realinhamento de todos os elementos e discussão das novas estratégias de atuação;
  • Mudanças do contexto: exigência, padrões de doença, metodologias de abordagem e acompanhamento das patologias e dos doentes, mercado (como por exemplo a competição público-privado por profissionais), concorrentes, interesse mediático;
  • A equipa mudou: alterações dos membros das equipas, podendo ser por quantidade ou por membros chave terem entrado ou saído, com impacto na dinâmica da equipa, bem como as suas motivações e prioridades pessoais;
  • Novos objetivos, quer por ajuste, quer por já terem sido alcançados os anteriores;

E se a minha equipa se encontra nesta fase, o que se pode fazer?

É necessário voltar ao início da construção da equipa. Percorrer as várias etapas de construção da equipa, em conjunto com os seus membros, e perceber se os princípios já acordados ainda se mantêm. Se não, poderá ser necessário parar e repensar a equipa, voltando a clarificar propósito, expectativas coletivas e individuais e as estratégias conjuntas de trabalho, reconstruindo a equipa passo-a-passo - podem encontrar neste artigo os passos para o fazerem

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