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Como tomar as rédeas da mudança? Ou melhor, quando?

Importa começar por perceber como se desenrola a mudança quando é despoletada por uma crise.

Diogo Fernandes Silva

Muito mudou nos cuidados de saúde. Mudou para conseguir dar uma resposta efetiva a uma crise sem precedentes e fê-lo até agora com relativo sucesso, mas mais uma vez à custa da motivação e dedicação dos seus profissionais. 

A COVID-19 veio despoletar um ciclo de mudança nunca antes visto. Mas que mudança foi esta e mais importante:

Como podemos tomar as suas rédeas? E quando?

Importa começar por perceber como se desenrola a mudança quando é despoletada por uma crise. Ela não surge numa fase inicial de planeamento consciente, identificação de tendências, problemas ou necessidades, nem de uma visão diferente para uma organização.

Ela surge primeiro como reação a um estímulo externo, através de uma resposta adaptativa e só num momento de mais acalmia se transforma numa resposta mais estruturada e focada no futuro.

No fundo, ela divide-se em 2 grandes momentos, que exigem também abordagens diferentes:

  1. Resposta à Crise (reativa): esta é imposta pelo surgimento repentino de uma mudança no contexto externo, neste caso a pandemia, forçando a organização a readaptar-se para conseguir responder às novas exigências. Há mudança, mas predominantemente reativa. Exige uma resposta rápida, mas flexível da organizações, com uma enorme responsabilidade das lideranças em garantir clareza na comunicação, determinação nas decisões (resolve), resiliência e coesão das equipas e da organização (resiliente) e o bem-estar de todos os colaboradores (particularmente importante numa crise pandémica);
  2. Retorno e reinvenção da normalidade (proativa): há depois desta resposta inicial uma nova etapa, em que apesar da incerteza, já conhecemos melhor a nova realidade e é sobre este conhecimento que iremos reconstruir a nossa organização, selecionando o que de melhor se fez durante a crise e também de que forma a organização terá de se reorganizar para o futuro, com base nas novas circunstâncias. A mudança passa a ser proativa e planeada, dependendo de um maior envolvimento de todos na definição do novo caminho a seguir. 

Sem a segunda etapa, as mudanças trazidas pela resposta inicial rapidamente se dissiparão, e em breve voltaremos aos tempos pré-COVID. Isso não é necessariamente mau, uma vez que nem todos se têm de transformar após este episódio. Para algumas organizações, o mais lógico é resistir o suficiente para voltar à normalidade anterior. Contudo, na grande maioria das organizações e equipas de saúde às quais pertecemos, esta é uma oportunidade de ouro para podermos repensar a forma como prestamos cuidados aos doentes, mas também a forma como cuidamos de nós e nos organizamos como equipas.

Fonte:

Mckinsey, Article - From “wartime” to “peacetime”: Five stages for healthcare institutions in the battle against COVID-19, Mckinsey, 24 April 2020

https://www.mckinsey.com/industries/healthcare-systems-and-services/our-insights/from-wartime-to-peacetime-five-stages-for-healthcare-institutions-in-the-battle-against-covid-19

Diogo Fernandes Silva

Médico