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Voltar, mas não regressar?

Um pouco por todos os Hospitais e Unidades de Saúde do nosso país os profissionais de saúde iniciam o regresso aos seus locais de trabalho, às suas equipas.

A equipa nobox

Um pouco por todos os Hospitais e Unidades de Saúde do nosso país os profissionais de saúde iniciam o regresso aos seus locais de trabalho, às suas equipas. Os motivos pelos quais temporariamente se afastaram são muito díspares. Alguns fizeram-no porque a reorganização dos serviços de saúde obrigou a que os seus profissionais fossem redistribuídos para suprir as novas necessidades assistenciais, tendo sido alocados a novas equipas, alguns desempenhando novas funções, assumindo novas responsabilidades, algumas nunca antes a eles atribuídas. Outros fizeram-no pela imposição de uma zaragatoa positiva, e o tempo pelo qual o fizeram foi-se tornando tão incerto quanto a duração desta pandemia. Independentemente da razão que motivou a sua saída, o fundamento para os seus regressos é o mesmo: a indicação superior para que a atividade assistencial vá retornando, a pouco e pouco, ao que previamente conhecíamos como “normal”.

Por muito que desejássemos que o regresso ao nosso “normal” fosse o mais normal possível, encontramo-nos muito distantes dessa presumível realidade. Não regressamos de férias e não viemos de energias renovadas, antes pelo contrário. Haverá colegas que regressarão mais ansiosos, preocupados, distraídos no desempenho de tarefas que outrora desempenharam na perfeição, demonstrações da forma como o cérebro humano lida com a incerteza que tem caracterizado esta luta contra um inimigo invisível e insidioso, que teima em não dar tréguas.

Como líderes, não só não podemos ignorar este estado de ansiedade como nos é exigido que estejamos atentos à possibilidade de as nossas equipas e os seus elementos estarem submersos numa ansiedade potencialmente indomável.

Uma vez identificada, quais poderão ser as nossas tentações?

Uma poderá ser passar a controlar os nossos elementos, pois numa situação de crise tendemos a procurar a única coisa que nos falta: o sentimento de controlo. Paradoxalmente, a solução é uma maior flexibilidade, desde os horários de trabalho até às tarefas assumidas pelos nossos colegas, procurando devolver algum conforto e tranquilidade a este regresso.

Outra potencialmente será a sobre-informação, a tentação de querer saber o máximo de informação possível no mais curto espaço de tempo, na tentativa de recuperar toda a informação que perdemos no tempo que estivemos ausentes. Como líderes, devemos priorizar a informação a transmitir, distinguindo aquilo que é imprescindível saber no primeiro dia – como medidas se segurança para os profissionais e os seus doentes -, daquilo que pode esperar uma semana, quando o nosso colaborador já estiver mais habituado ao “novo normal” – como a reunião de serviço que decorrerá somente um mês depois.

E muitas mais tentações haverá...

A tendência para em situações de crise irmos resolvendo muitos assuntos superficialmente, sem que na sua substância os obstáculo sejam realmente ultrapassados, deve ser contrariada. Para fomentar não apenas o voltar físico dos nossos trabalhadores, mas o regressar às suas equipas, novamente capacitados a desempenhar as funções que outrora dominaram.

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